Essa é a noite que as corujas dormem
E os corvos negros deslizando em fios
E os corvos finos sobrevoam a fonte
Imagens refletida no vazio
Vomitam vértebras vestígios frágeis
De nossa concepção na regida turva
Em tua cadência ritmitica de adágio
Gotejam meu silêncio lento e mudo
Qual lírio que foi feito
Porções ausentes de ilusão e dor
Pretas palavras sinceras mentiras
Vulcões que regurgitam larvas em flor
Afundam em teus seios de águas frias
A lua ao céu te inveja a palidez
E teus olhos lhe apagam as estrelas
Os anjos observando a sua tez
Sentem vergonha de tanta beleza
E medo do perfeito
Arvores gritam os nossos nomes secos
E nossas mágoas cismes de algodão
Nadando em rubros cálices concretos
São na verdade mágicas maças
Ponho a seus pés constelações inteiras
E suas pisas sem sequer notá-las
Teus pés são lâminas que cortam retos
Meus pulsos que latejam ao tocá-los
Sangrando ao vento
Essa é a noite que as corujas dormem
Sorvendo ao sono tristes cogumelos
Ao longe flácidas violetas choram
Mais ao longe lágrimas violentas morrem
Noite de máscaras profano baile
E tu girando feito mariposa
Dança sem mim a valsa do devil
Eu caio como se preciso fosse
Saltar de parapeito para sentir-te junto a mim agora
Sem lуgica compro um texto sem vontade
Permito que me arrastem vida a fora
Abrindo a sua vagina imaginaria
Uma cadeia estranha de mentiras
Quando as cortinas caem é que o palco passa a ser meu
Mas não posso fingir
Toda a desgraça de nossa verdade
Sou eu que tenho feito
Sozinho eu grito para te ferir
Ferindo a mim mesmo unicamente
Minha razão olhando para si
Descorda de si mesmo em minha mente
Quero tirar-te o mundo que te dei
Sу para dá-lo a ti mais uma vez
Não posso todavia reescrever
Os versos que tu jamais me escrevestes
Um poema mal feito
Essa é a noite que as corujas dormem
Porém eu já não durmo e nem acordo
Unicamente adubam a minha terra
Com grãos de solidez e águas sуlidos
Tu continente deste céu tão negro
Abraças o universo que é sу teu
Mais já não mais lhe agrada compreender
Que este cosmo em que tu reinas
Sу existe em meu peito